"...Acho que não existe quem não tenha se magoado com algo ou alguém no meio junino, se existir, pode esperar que chegará a vez."
FANPAGE: Adriana Dias, 27 anos, Gêmeos, Rainha da Junina Babaçu, Em um relacionamento Sério, Fisioterapeuta e Filha de Lucia Dias
CONEXÃO ONLINE:
Antes de se tornar rainha você já foi modelo. Me conta um pouco
dessa experiência?
ADRIANA DIAS: Foi
uma experiência maravilhosa que começou aos meus 14 anos de idade.
Veio a oportunidade de estar em contato com uma agência de modelos
ao acompanhar uma amiga que estava ingressando neste ramo e me
indicou porque achava que eu tinha o perfil. Participei de muitos
desfiles, fotos para catálogos, eventos, alguns comerciais pequenos
e viagens. Encerrei somente um pouco depois de ingressar na
faculdade, pelo fato de querer me dedicar aos estudos, porém,
aprendi muito sobre a vida, trabalho, responsabilidade, boa postura,
boas maneiras e costumes. Experiências que valeram a pena e ajudaram
a moldar minha personalidade.
CO: Como foi pra
você ganhar o primeiro festival como rainha?
AD: Foi um momento
inesquecível. Eu era a aposta naquela menina alta que tinha
facilidade em aprender, mas sem "nenhum pé no são joão",
ou seja, totalmente sem experiência e que para a maioria dos
veteranos da minha quadrilha, não sabia dançar. Escutava muitas
críticas nos ensaios e ao invés de desistir, me dedicava muito
mais. Ao receber o primeiro troféu, pude sentir um gosto de vitória
e satisfação que jamais esquecerei. Ocorreu e.m 2003 no festival
"Vozes da Seca" pela quadrilha Filhos do Sertão, onde
fechei o ciclo de festivais sendo premiada como melhor rainha do
estado, pelo Troféu São João.
CO: O que é o
melhor pra você: o reconhecimento do publico ou vencer o festival?
AD: Cada um tem sua
importância e sabemos que nem sempre "andam juntos", mas o
melhor e ideal é conseguir os dois em um só momento. As vitórias
trazem status e o coloca no rol dos melhores destaques, no entanto, a
verdade é que nada paga o reconhecimento do público, ganhando ou
perdendo é muito gratificante quando o elegem o melhor, mesmo que
não tenho obtido o título.
CO: Você sempre foi
rainha? E hoje você dançaria sem a coroa ou seja no fundão?
AD: Sempre fui
rainha, este ano irei para os 12 anos de reinado nos arraias. Hoje,
com certeza não estaria pronta para dançar sem coroa ( porque acho
que precisa estar pronta, para saber se colocar em seu devido lugar),
tenho o posto de rainha em uma grande quadrilha, Junina Babaçu, e
muito o que mostrar ao mundo junino, quero um dia encerrar minha
trajetória ainda usando a faixa, me despedindo, com certeza por
motivos pessoais familiares e profissionais, pois tenho minhas
pretensões e o são joão necessita de muito tempo e dedicação,
principalmente para destaques. Quem sabe... depois de alguns anos eu
possa retornar e com certeza não iria querer a responsabilidade de
ser destaque, dançaria em qualquer lugar por diversão e amor, mas
lógico que gostaria da honra de fazer parte do quadro de primeira
fila e sei que muitos admiradores iriam gostar de ver.
CO: Ser apontada e
titulada como MELHOR RAINHA DO BRASIL e RAINHA DA MODERNIDADE tem
seus pontos positivos e negativos? Quais são?
AD: Tudo na vida tem
um lado bom e um ruim. Esses títulos geralmente são dados pelo
público, o primeiro citado foi em 2012 quando ganhei uma votação
no site "Quadrilheiros do Brasil", que me elegeu a melhor
rainha do Brasil por votação dos internautas. O segundo termo ou
título citado, foi em 2014 na Junina Babaçu, acredito que pelos
sucessivos desfiles inovadores e criativos, dando um ar de
modernidade ao contexto geral. Os pontos positivos são os
admiradores que utilizam e gostam desses termos, alavancando minha
história e com isso acaba atraindo mais admiradores e os bons frutos
que isso causa. Acho que os pontos negativos não são muitos, mas
posso citar sobre aqueles que criticam ou discordam de maneira
desconstrutiva e os encargos que temos que levar quando nos tornamos
um pouco mais conhecidos e admirados, como a inveja e difamação,
algo normal em qualquer seguimento da vida.
CO: Você demonstra
muita responsabilidade no que faz. Fale como concilia Quadrilha,
Trabalho e Estudo?
AD: Com muita
responsabilidade, a quadrilha se torna algo tão importante e
prazeroso que muitas vezes queremos colocar em primeiro lugar, temos
que saber que a vida é muito complexa e necessitamos de sucesso
profissional e pessoal, onde devemos atenção e dedicação todos os
dias para conseguir. É muito difícil conciliar, por isso sempre me
preparo antes, deixando o mais programado possível para evitar
deixar de lado os outros aspectos.
CO: Rainha Junina tem
um salário? Você já recebeu alguma proposta financeira?
AD: NÃO, pelo menos
comigo. Nunca cheguei a dançar em termos de uma proposta financeira,
danço porque amo e tenho prazer, até porque as quadrilhas já vivem
na dificuldade para suprir tantas coisas, acredito que fica inviável
pagar um valor para os destaques se apresentarem. Cheguei a ouvir
diversos boatos, nos anos que mudei de quadrilha, que ganhei de 3 a
10 mil reis, carro novo etc... (Risos) tudo mentira, porém, não
posso afirmar que isso não tenha acontecido com algum outro
destaque, mas comigo não. No máximo, recebi uma proposta indireta
de emprego junto a minha ida para uma certa quadrilha (digo
"indireta" porque por ligação mencionaram tal proposta e
pediram uma conversa para formalizar, mas não cogitei minha ida,
agradeci a proposta e neguei, pois nos outros aspectos, não era o
melhor pra mim e isso se tornava sem importância).
CO: Cumpade Justino
em 2012 recebeu a maior rainha junina do Brasil. Como foi sua entrada
na quadrilha?
AD: A Cumpade
Justino foi um grande presente na minha vida, minha entrada na
quadrilha foi muito bem aceita, estavam em um ano de retorno, com
muita união e garra para fazer um lindo trabalho, me diverti como
nunca e fiz amigos que levarei por toda vida, amigos que hoje em dia
estão em diversos grupos, mas que toda semana se encontram e vivem o
mesmo relacionamento de três anos atrás, coisa rara atualmente no
são joão e que não tive em outros grupos com tanta intensidade.
Agradeço sempre, os dois anos que fiz parte desta família, me
trouxe muita sorte, felicidades e conquistas. Desejo boa sorte e
sucesso neste retorno e nova formação de diretoria e destaques,
todos sabem o grande carinho e respeito que tenho por esse grupo.
CO: Sobre sua saída
na filhos, ficou tudo tranquilo em relação a presidência?
AD: Minha saída na
Filhos do Sertão em 2011 foi bem difícil, estive no grupo durante
seis anos e me sentia muito ligada a tudo, porém um pouco
insatisfeita. Para que eu pudesse tomar essa decisão, pesei os prós
e contras, pensei muito e tive meus motivos e razões. Como em
qualquer decisão em que as duas partes não concordam e apesar de
ter deixado tudo claro e feito da melhor forma possível, acabou
ficando um clima chato em relação a presidência, mas, nada como o
tempo para ir esclarecendo os fatos e graças a Deus à um tempo já
estamos nos relacionando muito bem. Acho super importante isso,
porque me orgulho muito de ter feito parte da Filhos do Sertão e de
maneira extremamente positiva, onde muito me dediquei e gosto quando
sou lembrada desta forma, foi onde iniciei, aprendi a amar o são
joão e onde despontei para os olhos do público e ao mesmo tempo a
quadrilha obteve maior visibilidade e consequente crescimento. Sempre
estarei ligada a Filhos do Sertão!
CO: Em 2014 a Cumpade
não saiu, onde você ficou a frente da Junina Babaçu, no lugar que
já foi de Christiane Rodrigues um dos maiores ícones do são joão.
Cris fez muita historia na Beija-Flor, passou pela Cumpade e encerrou
seu ciclo junino na Babaçu, no cargo que hoje pertence a você.
Existe alguma comparação entre vocês? A pressão é maior por a
faixa ter sido da ex Rainha Beija-Flor?
AD: Acho que
comparação não existe, temos estilos de dança e histórias bem
diferentes. Se for pelo fato de ter passado pela Cumpade e estar na
Babaçu atualmente, assim como ocorreu com ela, acho que é
totalmente normal, inevitável e imprevisível essas trocas de grupo
coincidirem. Em relação a pressão de ter a faixa após Christiane
Rodrigues, lógico que existiu, pois ela é o maior ícone junino,
rainha, de todos os tempos e grande precursora para esse sucesso que
as rainhas detém hoje em dia, porém, a pressão não foi tão
grande, porque já tinha um nome consolidado no são joão.
CO: Você já se
magoou muito no são joão?
AD: Diversas vezes,
acho que não existe quem não tenha se magoado com algo ou alguém
no meio junino, se existir, pode esperar que chegará a vez.
Infelizmente, está repleto de pessoas de todo tipo, incluindo as de
mal caráter. O importante é saber lidar com os acontecimentos,
mostrar personalidade e se fortalecer, não deixando que essas mágoas
se tornem cicatrizes que o deixará como muitas pessoas que vemos por
aí, amarguradas com o são joão e com a vida, prontas para fazer o
mesmo com outros.
CO: Pensa em ter
filhos? Quantos? E o que vai falar pra eles quando eles tiverem
conhecimentos do quanto você representa no mundo junino?
AD: Sim. No máximo
dois, se Deus quiser. Acho que não vai ter muito o que falar, quando
eles puderem tomar conhecimento disso, provavelmente já não vou
estar mais no são joão e serei quase uma desconhecida, (Risos), mas
vou contar várias histórias e o quanto foi bom tudo o que vivi ,
apoia-los se um dia quiserem dançar e ensina-los tudo o que aprendi
da vida.
CO: E o namoro? Como
ele encara esse assedio?
AD: Muito bem,
graças a sorte de namorar uma pessoa maravilhosa, que também dança
e gosta do são joão. Quando é o contrário, se torna difícil
levar o relacionamento adiante, principalmente no período junino,
acabam não entendendo a importância, tempo e dedicação que
empenhamos.
CO: Helderson Lima?
AD: Foi um amigo
especial, principalmente durante o período que estivemos na mesma
quadrilha, muito importante na minha trajetória junina, pois esteve
ao meu lado como par por três anos seguidos, acompanhando o período
que despontei no mundo junino. Rei exemplar, responsável e adorava
estar nesse posto. Sempre brincalhão, divertido e alegre, não tinha
como dançar sem sorrir ao lado dele. Que Deus o tenha em um lugar
especial, e permaneça nos corações dos familiares, amigos e
conhecidos. Sempre lembrarei com tamanha gratidão e saudade!
CO: O que esperar da
Adriana para 2015?
AD: Como sempre
novidades. Uma Adriana Dias autêntica e nada mais a dizer, somente
esperar para ver um trabalho que será feito com muita dedicação e
amor.
Considerações
finais: Primeiramente, gostaria de agradecer ao Clairton, pelo
convite a entrevista, que adorei fazer. Mandar um grande abraço em
agradecimento aos quadrilheiros dos mais variados lugares do Brasil
que de alguma forma demostram admiração e carinho por mim e ao
trabalho que faço, em especial aqueles que curtem a Fan Page
"Adriana Dias - A Rainha da Modernidade" e os que estão
no grupo "Adriana Dias Oficial" do WhatsApp, onde nesses
lugares podem me acompanhar de perto e estar em contato comigo
sempre. Para minha quadrilha Junina Babaçu, desejo que siga unida e
focada no trabalho 2015 para construir um lindo espetáculo junino a
todos vocês.
E para encerrar,
vamos de jogo rápido:
CO: Eu curto?
AD: Estar junto da
família, amigos e namorado.
CO: Eu compartilho?
AD: Meu amor pela
dança junina e idéias e pensamentos positivos.
CO: Eu sigo de
volta?
AD: Pessoas com boas
atitudes.
CO: É uma flopada?
AD: Deixar amizades
por causa de quadrilha A ou B.
CO: Eu Bloqueio?
AD: Pessoas dissimuladas que querem aparecer as custas das outras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário